tag:blogger.com,1999:blog-53327277128119574522024-03-14T02:42:32.801-07:00POEMMMASMarcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.comBlogger60125tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-71152689399576041022008-10-07T06:36:00.000-07:002008-10-08T11:54:59.090-07:00Mulheres, Múltiplas MulheresMarcelo Mário de Melo<br /><br /><span style="color:#666666;">[À minha filha, Lara, nos seus 10 anos]</span><br /><br />Mulher<br />Mulherio<br />Mulherada<br /><br />Menina<br />Moça<br />Matrona<br /><br />Mãe<br />Madrinha<br />Matriarca<br /><br />Musa<br />Maga<br />Madona<br /><br />Mucama<br />Massagista<br />Mariposa<br /><br />Morena<br />Mulata<br />Mestiça<br /><br />Miss<br />Modelo<br />Monumento<br /><br />Manto<br />Meias<br />Mantilha<br /><br />Meneios<br />Miados<br />Manifestos<br /><br />Mote<br />Mania<br />Motel<br /><br /><br />Moeda<br />Moda<br />Mordaça<br /><br />Maldade<br />Mancha<br />Mazela<br /><br />Malogro<br />Mágoa<br />Medo<br /><br />Marido<br />Morada<br />Matriz<br /><br />Mala<br />Machista<br />Masoquista<br /><br />Malcriada<br />Maluca<br />Maníaca<br /><br />Mascarada<br />Malandra<br />Malígna<br /><br />Moralista<br />Maledicente<br />Malsã<br /><br />Macerada<br />Manhosa<br />Marejada<br /><br />Mimosa<br />Melosa<br />Melindrosa<br /><br />Minuciosa<br />Mística<br />Misteriosa<br /><br />Mobilizadora<br />Manifestante<br />Militante<br /><br />Mestra<br />Maleável<br />Maneirosa<br /><br />Moderna<br />Múltipla<br />Magnânima<br /><br />Marcante<br />Majestosa<br />Magnífica<br /><br />Mulheres<br />Múltiplas<br />MulheresMarcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-41116253288461394242008-09-15T03:17:00.000-07:002008-09-22T22:17:59.748-07:00Reuniões/ReuniõesMarcelo Mário de Melo<br /><br />No primeiro ponto da reunião<br />se estabelece<br />o cronograma<br />das reuniões.<br /><br />No segundo ponto<br />a competência<br />das reuniões.<br /><br />No terceiro ponto<br />o funcionamento<br />da reunião.<br /><br />No quarto ponto<br />a pauta<br />da reunião.<br /><br />No quinto ponto<br />se faz a síntese<br />dos tópicos anteriores.<br /><br />O penúltimo ponto<br />é para deliberar sobre<br />a prorrogação da reunião.<br /><br />No último ponto se discute<br />se haverá ou não<br />uma reunião<br />extraordinária.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-22954140771461480042008-09-15T03:15:00.000-07:002008-09-23T03:24:34.055-07:00Receita da Velha RaposaMarcelo Mário de Melo<br /><br />Urgente!<br />Urgente!<br />Passar o velho telegrama<br />em fax.<br /><br />Trocar pela pochete<br />a inveterada mala preta.<br /><br />E um rococó de hoje<br />ser impresso<br />na nova camiseta.<br /><br />Os mais antigos alternarem<br />gravata paletó<br />com blaser e camisa listrada<br />mas conservando sob a calça<br />o velho cuecão samba-canção.<br /><br />É muito útil<br />neste cenário<br />a aura de algum revolucionário<br />desde que seja<br />competentemente<br />morto<br />e do passado.<br /><br />Dele se extrai apenas<br />as cruzes de martírio<br />e Amor Divino<br />pisando com os dois pés<br />o pensamento<br />como se faz com uma flor<br />ou uma Caneca.<br /><br />Ao re-matado morto ilustre<br />se acrescente<br />o requentado charme<br />de escolhidos ex<br />rebeldes vivos<br />de preferência<br />navegando em bílis<br />o barco-umbigo.<br /><br />Que se mantenha um bom clima no país<br />eclipsando nuvens à esquerda<br />e empacotando<br />tempestados sociais.<br />Mas sempre assegurando<br />aragens pós-modernas<br />e chuviscos tropicais.<br /><br />Quanto ao cardápio<br />servir Montesquiu e Adan Smith<br />no couvert<br />ou na sobremesa.<br />Mas sempre assegurando<br />em cada refeição<br />receitas à Bismarck ou à Napoleão.<br /><br />Seguidas todas regras<br />que sempre se alteie no céu de anil<br />o manto da bandeira liberal<br />com letras góticas inscritas<br />sobre os remendos<br />e a pintura nova.<br /><br />E após cuidado especial<br />para apagar<br />manchas de sangue.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-33148965930132251552008-09-15T03:13:00.000-07:002008-09-22T22:19:17.725-07:00Rabo de PalhaMarcelo Mário de Melo<br /><br />Aqueles que semeiam justiça<br />precisam poder levantar<br />um centímetro a mais<br />os ombros e a cabeça<br />quando andam pelas ruas<br />e entre os poderosos.<br /><br />Quem luta contra o capital<br />precisa disto.<br /><br />No mínimo é uma coisa boa<br />para o coração e a coluna.<br />E à luta popular<br />também é sempre bom<br />ter pessoas com o coração sereno<br />e a coluna no lugar.<br /><br />Mas para alguém poder andar<br />com o coração em paz<br />e a coluna no lugar<br />é preciso não ter rabo de palha.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-66949616745216287802008-09-15T03:11:00.000-07:002008-09-23T02:39:24.330-07:00Proposta Concreta para Tempo de AIDSMarcelo Mário de Melo<br /><br />Morrerão milhares e milhões<br />viverão morrendo.<br />Burocratas farão campanhas custosas<br />em vídeo e policromia<br />com direito a coquetéis paralelos.<br />Crescerão o medo masturbado<br />e a indústria pornográfica.<br /><br />Um dia rádios jornais e tevês<br />anunciarão a ansiada vacina.<br />Cinco dez anos depois<br />de pressões e protestos<br />contaminações e mais mortes<br />será decretado o<br />Dia Nacional da Vacinação Anti-AIDS<br /><br />Teóricos terão tesões analíticos<br />de dar orgasmo em cadáver cremado.<br />Agentes funerários morrerão de enfarte.<br />Industriais da camisinha e do pornô<br />pirados proporão locaute.<br />Masoquistas e caretas saudosos<br />protestarão ao quadrado.<br />Haverá carnaval sexual sete dias.<br /><br />Mas até lá<br />não acham vocês que seria sensato<br />colocar camisinha na cesta básica?Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-24372926792018734842008-09-15T02:49:00.000-07:002008-09-23T02:39:52.223-07:00Poemas AntiburocráticosMarcelo Mário de Melo<br /><br />Os Poemas Antiburocráticos (Burocras), na sua maioria, foram escritos entre os anos de 1968 e 1969 e constituem uma crítica ao burocratismo, compreendido sob dois aspectos: a apreensão da realidade sob o filtro das quatro paredes dos pequenos círculos e a intervenção a partir das formas e das normas ossificadas. Nas formulações e no cotidiano do PCBR e da esquerda armada, mesmo emascarado nas capas do ativismo e das ações ousadas, fui descobrindo a essência e as nuances do burocratismo, a que dei um tratamento satírico, com o natural exagero das caricaturizações. A seguir, o desfile de alguns Burocras, tal e qual foram escritos e divulgados na época, em rodas de militantes. Todos os meus textos, em poesia e em prosa, foram apreendidos quando da prisão (e do assassinato sob tortura) de Odijas Carvalho, no aparelho da praia de Maria Farinha, no Recife, onde eu estava morando e de cuja queda escapei, por me encontrar numa reunião noutro estado. O grosso da parte de poesia foi reconstituído nos meus primeiros meses na Casa de Detenção do Recife, em 1971.<br /><br /><br />BUROCRA 1<br /><br />O verde burocrata<br />ou o burocrata maduro<br />no seu casulo<br />respira o mundo<br />em ondas redondinhas.<br /><br />O verde burocrata<br />ou o burocrata maduro<br />no seu casulo<br />refaz o mundo<br />arredondando-lhe o corte<br />com a sua implacável<br />grave e disciplinada<br />tesoura de decretos burocráticos.<br /><br />Sucedem-se as resoluções insossas<br />num mar de consequências buroanêmicas.<br />Ou os decretos irreais pomposos<br />gerados em euforias de birô.<br /><br />A vida irregular e borbulhante<br />então se organiza em prateleiras<br />cumprindo a cachoeira de decretos.<br /><br />É quando o burocrata já cansado<br />de tanto recortar a vida e o vivo<br />encerra o expediente da tesoura<br />e vai dormir<br />ou arquivar seus sonhos.<br /><br />No exato momento<br />em que a ditadura publica<br />mais um ato institucional.<br /><br /><br />BUROCRA 2<br /><br />A vida é simples para o burocrata.<br />No seu birô<br />com a sua caneta<br />o seu papel<br />quorum<br />o verbo<br />e a hierarquia<br />ele constrói e reconstrói o mundo<br />como edição pilulificada de Deus<br />nos sete dias<br />da sua majestática criação.<br /><br />Algum problema?<br />- Resolução.<br />Deficiência?<br />- Um curso, irmão.<br />Com morto e vivo<br />façam um ativo.<br />Para o incremento<br />mais um documento.<br />Para organizar<br />uma circular.<br /><br />Ponto diário.<br />Mais reunião.<br />Mais um secretário.<br />Mais discussão.<br /><br />Abaixo o foquismo<br />e o partidão!<br /><br />BUROCRA 3<br /><br />E o principal motivo<br />para nós sermos ateus, companheiros,<br />é que Deus foi um burocrata:<br />fez tudo por decreto<br />hemorroidalmente<br />sentado.<br /><br />Por isso mesmo a sua criação<br />pressupôs o cão<br />e o seu cabedal:<br />o pecado<br />a cobra<br />e o Jardim do Mal.<br /><br />BUROCRA 4<br /><br />Raízes Ideológicas:<br />primeiro documento.<br /><br />Caules ideológicos:<br />segundo documento.<br /><br />Folhas ideológicas:<br />terceiro documento.<br /><br />Flores ideológicas:<br />quarto documento.<br /><br />Frutos ideológicos:<br />os foquistas tomam o poder.<br /><br />Ah! Que prazer!<br />Mais um documento<br />para escrever!<br /><br /><br />BUROCRA 5<br /><br />O grupo de trabalho<br />não está trabalhando<br />porque está elaborando<br />um plano<br />de trabalho.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-55805706730240847662008-09-15T02:46:00.000-07:002008-09-23T02:47:05.367-07:00Perguntas IncômodasMarcelo Mário de Melo<br /><br />Esquecer<br />compromissos programáticos<br />é de esquerda?<br /><br />Vetar debates<br />é de esquerda?<br /><br />Plantar<br />notícias anônimas<br />é de esquerda?<br /><br />Dar rasteira<br />em companheiro<br />é de esquerda?<br /><br />Casuísmo<br />é de esquerda?<br /><br />Eleitoralismo<br />é de esquerda?<br /><br />Cupulismo<br />é de esquerda?<br /><br />Populismo<br />é de esquerda?<br /><br />Nepotismo<br />é de esquerda?<br /><br />Autopromoção<br />é de esquerda?<br /><br />Primeiro-damismo<br />é de esquerda?<br /><br />Apropriar-se ou descuidar-se<br />de recursos públicos<br />é de esquerda?<br /><br />Caixa-2<br />é de esquerda?<br /><br />Perpetuar-se<br />em diretorias de entidades<br />é de esquerda?<br /><br />Boca de urna paga<br />é de esquerda?<br /><br />Abusar ou omitir-se<br />de autoridade<br />é de esquerda?<br /><br />Fazer<br />perguntas incômodas<br />é de direita?<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-9927117534477983192008-09-15T02:44:00.001-07:002008-09-23T02:40:42.223-07:00Quem o Fará?Marcelo Mário Melo<br /><br />Purgar os erros.<br />Lembrar os mortos.<br />Fecundar os sonhos.<br />Festejar as vitórias.<br /><br />Se não fizermos isto<br />pela nossa causa<br />quem o fará?Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-13556320198447362252008-09-15T02:42:00.000-07:002008-09-23T02:41:42.236-07:00Os Colares e as ContasMarcelo Mário de Melo<br /><br />Em memória de Ednaldo Miranda<br /><br />A esperança de um homem<br />também cansa.<br />E há aquele dia<br />em que ele reúne as ruínas<br />e ensaia a retirada.<br /><br />Um misto de perfume e pólvora<br />bafeja o colóquio<br />do Rei Midas<br />com o Rei Mídia<br />ali onde vampiros erguem brindes<br />e urnas recolhem<br />votos e mais votos.<br /><br />Crianças amolam as navalhas<br />no peito dos mendigos<br />olhando os vendilhões<br />do shopping-templo.<br /><br />Rosas vermelhas requebram<br />pintando-se de cinza/amarelo.<br />E pétalas vão caindo nas cloacas.<br /><br />O cenário é um painel<br />de uniformizada geometria<br />onde todas as figuras se arredondam<br />decepando-se de bases<br />vértices e arestas.<br /><br />Na coreografia se destaca<br />um quadrado de quinas desbastadas<br />ralando-se em rodeios de roda<br />e acenando ao rei.<br /><br />Na orquestração<br />foram mixados e diluídos<br />os gritos e gemidos<br />da teia e da tocaia.<br /><br />Mas emergindo da gosma<br />de negócios e discursos<br />as dores da cidade vaga-lumam<br />e se inscrevem<br />nas linhas do arco-íris.<br /><br />Um raio colorido acende o chão.<br />O homem é arrastado à rua por um imã<br />e lê no céu com a multidão.<br /><br />Dos olhos se descolam<br />películas geladas.<br />As bocas rugem um sopro<br />que unido em ventania arranca<br />cenários palcos máscaras<br />fantasias e cartazes.<br />E vaias vomitam línguas de fogo<br />formando fogueiras aladas.<br /><br />Uma chuva leva as cinzas<br />e lava as cicatrizes.<br />O sol se alarga meio metro<br />e enxuga tudo num instante.<br /><br />De um lado gritam: fogo!<br />Queremos fogo!<br /><br />Mas nada de incêndios loucos.<br />Poupemos nossas chamas<br />como se faz com os trocados<br />e as roupas de domingo.<br /><br />Alguém lamenta amargo:<br />estou cansado de plantar<br />sem ver os frutos!<br /><br />Mas aqui ninguém ingressa<br />no primeiro ato<br />nem há de alcançar o último.<br />Não existem cadeiras numeradas<br />e às vezes as cortinas são fechadas<br />enquanto continua<br />o espetáculo sem reprise.<br /><br />A vida de um homem<br />é um colar de contas ano a ano.<br />A vida de um país se conta<br />em colares de décadas e séculos.<br /><br />Os ritmos da história<br />não cabem nos quadrantes do relógio<br />nem podem ser guardados<br />no cofre ou no casaco de ninguém.<br /><br />Mas sem as horas e os minutos militantes<br />retarda-se a história<br />também movida<br />a sonhos bem guardados.<br /><br />As linhas do arco-íris dizem mais<br />do que todas as telas coloridas.<br />E elas anunciam<br />estrada e horizonte<br />unindo<br />vaga-lumes e estrelas.<br />QUEM O FARÁ?Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-69108944979695407542008-09-15T02:38:00.000-07:002008-09-23T02:42:15.740-07:00O Brasil na Velha RimaMarcelo Mário de Melo<br /><br />Pedro Álvares Cabral.<br />Colônia de Portugal.<br />Imperio nacional<br />peessoal<br />regencial.<br /><br />República de marechal.<br />Ato adicional.<br />Ato institucional.<br />Abertura gradual.<br />Anistia parcial.<br />Eleição colegial.<br />Constituinte congressual.<br />Presidência imperial.<br />Corrupão visceral.<br /><br />Al al al<br />Al al al<br />Al al al.<br /><br />É pau.<br />É pau.<br />É pau.<br /><br />Liberal.<br />Liberal.<br />Liberal.<br /><br />É só mudar a rima!Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-672733303736079602008-09-15T02:36:00.000-07:002008-09-23T02:42:39.228-07:00MilitânciaMarcelo Mário de Melo<br /><br />Um militante<br />não pode ter medo da verdade.<br />Porque verdadeiros são<br />a fome do povo<br />as ilusões do povo<br />o desencanto do povo<br />a alegria do povo<br />o atraso do povo<br />a sabedoria do povo<br />as maldades do povo<br />as virtudes do povo<br />as fraquezas do povo<br />e a sua força.<br /><br />O militante é puro e impuro<br />como o seu povo.<br />E deve olhá-lo<br />e se olhar<br />de frente<br />passado<br />futuro<br />presente.<br /><br />E se é verdade<br />que povo<br />sem militante<br />não dá um passo adiante<br />também é verdade<br />que militante<br />sem povo<br />não cria nada de novo.<br /><br />O militante<br />deve sempre lembrar<br />que militar<br />não é querer<br />militarizar<br />a vida profana<br />e paisana<br />do povo.<br /><br />Que a militância<br />não deve ser<br />uma torre de mistérios<br />um clube<br />de acionistas<br />minoritários & majoritários<br />disputando as rédeas<br />para cavalgar<br />o povo.<br /><br />E é preciso ter<br />muito cuidado<br />a cada instante<br />para não rimar nunca<br />militante<br />com arrogante.<br /><br />Porque a militância<br />deve ser<br />uma ciranda<br />um corpo<br />um caminho<br />largo e iluminado<br />que o povo segue<br />livre<br />de mãos dadas.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-85499073951729529242008-09-15T02:34:00.000-07:002008-09-23T02:43:03.776-07:00Fragmentos da GuerraMarcelo Mário de Melo<br /><br />Homens-vampiro<br />contam poços<br />de petróleo<br />& cavam poços<br />de $angue.<br /><br />O império vomita bombas.<br /><br />Braços arrancados<br />de crianças<br />cristalizam-se<br />nos céus.<br /><br />No Iraque Irado<br />o pranto da vingança<br />germina<br />homens-bomba.<br /><br />Hirochima.<br />Palestina.<br />Deus salve a América!<br />Osama nas alturas!Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-72537015232549702412008-09-15T02:32:00.000-07:002008-09-23T02:43:33.808-07:00Elogio à Classe DominanteMarcelo Mário de Melo<br /><br />Ela sabe<br />eriçar os pelos<br />e expor as unhas<br />ou enroscar-se<br />e se roçar<br />cativante.<br /><br />Sabe uivar<br />e mostrar os dentes<br />ou vestir-se de cordeiro<br />e misturar-se<br />no pasto.<br /><br />Por altos e baixos<br />na luz e nas trevas<br />ela sabe<br />a caça e a caçada.<br /><br />Aqueles que se beneficiam<br />com o seu jogo<br />que se dêem por satisfeitos.<br /><br />Os que são prejudicados<br />que o mudem<br />totalmente.<br /><br />Mas se por acaso<br />não for este<br />o objetivo<br />então<br />que se deixe<br />trabalhar em paz<br />quem exerce<br />tão bem<br />o seu ofício.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-62158382637473961192008-09-15T02:28:00.000-07:002008-09-23T02:43:56.736-07:00BandeirasMarcelo Mário de Melo<br /><br />A Lorena Araujo<br /><br />As nossas bandeiras<br />devem estar sempre<br />içadas<br />inteiras<br />e limpas.<br /><br />Bandeiras<br />sujas e rasgadas<br />somente<br />pela força dos ares<br />do suor<br />ou do sangue<br />das campanhas.<br /><br />É preciso proteger<br />nossas bandeiras<br />contra os ratos<br />e o mofo<br />das gavetas.<br /><br />As nossas bandeiras<br />não são para ficar<br />o ano todo guardadas<br />expostas apenas<br />em dias de festa.<br /><br />Elas devem tremular<br />sempre<br />no alto dos mastros<br />e nas nossas andanças<br />de todo dia.<br /><br />Assim<br />passando de mão a mão<br />de geração a geração<br />as nossas bandeiras<br />irão ficando gastas.<br /><br />E de tempos em tempos<br />nós as substituiremos<br />por outras iguais<br />de panos novos.<br /><br />E elas se olharão<br />como fazem<br />os avós e os netos.<br /><br />E ficaremos todos satisfeitos<br />vendo as nossas bandeiras<br />renovadas<br />desfraldadas<br />inteiras<br />e limpas.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-10062199569172757872008-09-15T02:26:00.000-07:002008-09-23T02:44:29.249-07:00Poema PedagógicoMarcelo Mário de Melo<br /><br />Bunda começa com B.<br />B é bunda desenhada.<br />Nenhuma parte do corpo<br />será assim tão letrada.<br /><br />ABC da tua bunda<br />gostaria de escrever.<br />Nela sou analfabeto<br />mas com vontade de ler.<br /><br />B é bunda desenhada.<br />Bunda começa com B.<br />Eu tenho pincel e lápis.<br />Vamos pintar e escrever?Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-82715193626511683952008-09-15T02:25:00.000-07:002008-09-23T02:45:57.153-07:00A Saanta Poesia da Mulher AmadaMarcelo Mário de Melo<br /><br />A mulher amada<br />é uma fadinha boa.<br /><br />A mulher amada<br />é uma pombinha.<br /><br />A mulher amada<br />é o próprio céu<br />bordado de anjinhos<br />e anjinhas<br />e purezinhas<br />e belezinhas.<br /><br />A mulher amada<br />não tem nada feio.<br /><br />A mulher amada<br />não faz nada feio.<br /><br />E o peito<br />da mulher amada<br />é seio.<br /><br />A mulher amada<br />minha namorada<br />não peida<br />não caga<br />e não dá mijada.<br /><br />A mulher amada<br />quando mija<br />é só refresquinho<br />de graviola.<br /><br />Ó mulher amada<br />flor da minha vida:<br />tu és uma santa<br />cagada e cuspida!Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-62058499420125625242008-09-15T02:22:00.000-07:002008-09-23T02:47:29.970-07:00Press BluesMarcelo Mário de Melo<br /><br />Gosto de correr os seus cadernos<br />e lhe comer com os olhos<br />coluna por coluna<br />da manchete ao rodapé.<br /><br />Aqueço-me nas suas chamadas<br />e me incendeio<br />nas matérias especiais.<br /><br />Curto seus anúncios e sueltos<br />mas nem sempre aceito<br />os seus editoriais.<br /><br />Adoro suas páginas abertas<br />e se abrindo mais<br />às minhas mãos.<br /><br />Deleito-me nas suas coberturas<br />e em todos os seus furos<br />desejando sempre<br />novas edições.<br /><br />Não dão pra saciar<br />as inserções eventuais<br />nos seus espaços.<br /><br />Por isso<br />cada dia mais carente<br />em caixa alta<br />faço aqui a apelação:<br />EU QUERO A MINHA<br />ASSINATURA PERMANENTE<br />E MUITO MAIS:<br />EU QUERO FIGURAR<br />NO SEU EXPEDIENTE.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-85615469318042285682008-09-15T02:21:00.000-07:002008-09-23T02:48:41.801-07:00CaleidoscorpusMarcelo Mário de Melo<br /><br />Cabelinhos caracolam na cama<br />bordando balé de beijos.<br /><br />Tatua pele<br />medulando meu delírio.<br /><br />Xoxoteucheiro<br />incensando meu suspiro.<br /><br />O rio do meu sentir<br />te oceana.<br /><br />teu amor rende juras<br />e correlações planetárias.<br /><br />Saudade<br />é esperar girândolas.<br /><br />Ipsis Verbis<br />Ipsis Corpus<br />Ipsis Totum.<br /><br />Te teso marejolhosMarcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-83938048552044461762008-09-15T02:18:00.001-07:002008-09-23T02:49:45.473-07:00MacroloveMarcelo Mário de Melo<br /><br />Não quero ser para você<br />apenas<br />arquivo sem nome<br />subdiretório<br />beckup<br />ou resto na lixeira.<br /><br />Nem pretendo só<br />inserir o meu disquete<br />no seu drivin.<br /><br />Desejo ser<br />janela<br />ajuda<br />documento mestre<br />atalho<br />ícone principal<br />entre os seus programas favoritos.<br /><br />Espero que você<br />me salve no seu disco rígido<br />me feche sempre com cuidado<br />me proteja com anti-vírus<br />e nos garanta com upgrades.<br /><br />Quero que você me deixe<br />entrar nos seus arquivos<br />visualizar as suas impressões<br />me recortar<br />me colar<br />me editar<br />e me configurar<br />na sua tela inteira.<br /><br />Mantenha sempre aberta<br />a sua caixa de entrada<br />que eu saberei clicar com jeito<br />o seu mouse<br />e penetrar nos seus periféricos<br />ajustando<br />a minha barra de ferramentas<br />aos contornos<br />da sua área de trabalho.<br /><br />Por fim o apelo passional<br />de quem deseja com você<br />total integração em rede:<br />DELEITE-ME OU DELETE-ME!Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-31153970496303191732008-09-15T02:14:00.000-07:002008-09-23T02:50:16.451-07:00Carinho e CaríciaMarcelo Mário de Melo<br /><br />A Kalinne<br /><br />Carinho penumbra o corpo.<br />Carícia acende a pele.<br /><br />Carinho é açúcar<br />leite quente.<br /><br />Carícia é sal<br />pimenta ardente.<br /><br />2<br /><br />Carinho de contemplar<br />é encosto e toque.<br /><br />Carinho de consolar<br />é mudo e úmido.<br /><br />Carinho de alegria<br />às vezes chora.<br /><br />Carinho para quem dorme<br />baila nos dedos.<br /><br />Carinho de acalmar<br />abraça e apalpa.<br /><br />Carinho de ninar<br />balança e canta.<br /><br />Carinho de animar<br />sacode e sopra.<br /><br />Carinho à distância<br />veste poesia.<br /><br />3<br /><br />Carícia de atrair<br />nada nos olhos.<br /><br />Carícia de começo<br />ferve nas mãos.<br /><br />Carícia de desejo<br />retira pétalas.<br /><br />Carícia de mergulho<br />bebe na flor.<br /><br />Carícia de paixão<br />arranca nuvens.<br /><br />Carícia de saudade<br />solta vulcões.<br /><br />Carícia de amor<br />acende estrelas.<br /><br />Carícia de final<br />soterra pranto.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-63355898605542470212008-09-15T02:12:00.000-07:002008-09-23T02:50:43.477-07:00ProcuraMarcelo Mário de Melo<br /><br />A Alberto Cunha Melo<br /><br />Onde<br />a singular imagem<br />o salto triplo<br />o close do projétil<br />em pleno vôo?<br />As rimas fáceis<br />espreitam<br />e afogam<br />meus lugares incomuns.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-77232671832921230222008-09-15T02:09:00.000-07:002008-09-23T02:51:52.306-07:00Poesia pra que te QueroMarcelo Mário de Melo<br /><br />A Janice Japiassu<br /><br />Para eles a poesia<br />é uma donzela<br />que não pisa no chão<br />e passeia de armadura<br />numa bolha de nuvem.<br /><br />A poesia<br />não tem leito nos peitos<br />nem cheiro no sexo<br />e não constitui<br />nova versão<br />da Virgem Santíssima<br />que pariu sem pecado<br />mas sujou-se com o parto<br />e as radicalizações de mãe eleita. (*)<br /><br /><br />A poesia é uma irmã biônica do Filho<br />sem espinhos nem cruz<br />sem suor nem sangue<br />sem pão nem peixe<br />sem festa e vinho<br />sem óleos nem carinhos<br />de Madalena.<br /><br />A poesia mora num bunker<br />aromatizado com spray<br />composto com peças e paisagens<br />em realidade virtual.<br /><br />A poesia foi vacinada contra<br />e não se agenda para<br />tesões tensões contradições<br />confrontos e conflitos.<br /><br />A poesia faz companhia limitada<br />a ela própria e seus eleitos<br />comunicando-se à distância<br />em circuito fechado.<br /><br />A poesia se inscreve<br />por controle remoto<br />e sensibilidade remotíssima.<br /><br />A poesia<br />é a dissecada coisa em si<br />e para si<br />com antena para nós<br />programada em pára-raios<br /><br />(*) “Ele realiza proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, derruba do trono os poderosos; eleva os humildes; aos famintos enche de bens; e despede os ricos de mãos vazias” (O cântico de Maria – Lucas, 26-38)Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-40197055987088336952008-09-15T02:07:00.000-07:002008-09-23T02:52:15.131-07:00Pó e EmaMarcelo Mário de Melo<br /><br />A Wilsom Araujo de Souza - WAS<br /><br />Folha seca.<br />Aramado.<br />Só esquema.<br /><br />Siso só<br />sem pó<br />nem ema<br />de ré<br />amarrado<br />a-amado<br />a cisão<br />no ensejo<br />travo<br />no desejo.<br /><br />Pó e Ema:<br />porejando<br />sonho<br />marejando<br />saga.<br /><br />Pó e Ema:<br />emanando luz<br />poemando<br />a vida.Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-69399715834129898962008-09-15T02:06:00.000-07:002008-09-23T02:52:45.609-07:00Os Quatro Pés da Mesa PostaMarcelo Mário de Melo<br /><br />Rigorosamente<br />sou e não sou um poeta.<br />Assimilei o sentimento poético<br />que ferve e se traduz<br />no meu cotidiano.<br />E não seria poeta somente<br />por ter composto poemas<br />ou nos momentos de compô-los.<br />Poesia é dimensão.<br />Um poeta mudo e sem mãos<br />continua lavrando poesia.<br /><br />Todo homem é poeta.<br />Aquele que faz poemas<br />aprendeu o código<br />para traduzir a poesia<br />de todo poeta-homem.<br /><br />Os poetas geniais e maiores<br />se explicam<br />pela existência das estrelas<br />de primeira a enésima grandeza.<br />Não tenho pretensões a ser grande.<br />Aspiro apenas ser inteiro.<br />A poesia de cada um<br />deve ser um translado<br />e não um mandamento.<br /><br />Gosto de poesia<br />porque ela<br />é síntese<br />cinema<br />é som<br />ritmo<br />evoca<br />emove<br />acende<br />explode.<br /><br />Ser poeta<br />para mim<br />não é exilar-se da vida<br />e respirar um oxigênio<br />de papel e palavras.<br />Poesia é parte-todo<br />é um dos quatro pés<br />da nossa mesa postaMarcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5332727712811957452.post-53481371677486094462008-09-15T02:04:00.000-07:002008-09-23T02:56:18.875-07:00Olhos AlbertosMarcelo Mário de Melo<br /><br />Ao poeta Alberto Cunha Melo<br /><br /><br />Raio-luz que aclara e corta<br />a trama o travo o tumor.<br /><br />Mão que aponta na vitrine<br />o lixo o calo a mordaça.<br /><br />Tela timbre sopro fogo<br />flecha exata voz alerta.<br /><br />Pá lavrando vida livre:<br />flores de olhos acesos.<br /><br /><br />Agosto - 2003Marcelo Mario de Melohttp://www.blogger.com/profile/06079342439622216851noreply@blogger.com0