Marcelo Mário de Melo
A Regina Perrusi
Caçam bichos
pra vender
(homem mulher)
pra comer.
Com mil bocas
caçam votos
caçam notícias e fama
caçam lucros e vantagens
surfando em ondas de lama.
Prefiro caçar palavras.
Brincar de caçar com elas.
Olhá-las indo e voltando
fechando e abrindo janelas.
Pega-pega.
Amarelinha.
Boca de forno.
Adivinhas.
Caçando e sendo caçado
ninguém de ninguém é presa.
E a melhor coisa do jogo
é o sabor da surpresa.
Deixo as moças encantadas
(caçador mais balarino)
com malandragem de velho
e afoiteza de menino.
Depois de cada caçada
uma a uma eu reclino
e vou pentear palavras
com escova e pente fino.
Cachoeiras eriçadas.
Dourados de águas finas.
Correntezas onduladas.
Cachoeiras cachos crinas.
Enlaço as minhas palavras
penteadas e vestidas
e vou com elas pra rua
caçar o rumo da vida.
05-06-05
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